Este blog é dedicado aos meu amigos e a pessoas que tenham curiosidade de saber como é trabalhar em um cruzeiro.
Postarei aqui todas as minhas descobertas, desde a contratação, treinamentos, dificuldades e claro, diversão a bordo! Espero que curtam!


quarta-feira, 29 de maio de 2013

A VIDA NO OASIS OF THE SEAS


CABINE DE CONTROLE
CADEIRA DO COMANDANTE
Quando recebi o convite de trabalhar no maior navio do mundo, confesso que fiquei um pouco assustado, afinal era O MAIOR!
Pensei em recusar o convite, mas ainda estava em meu terceiro contrato, e a essa altura, recusar não é a melhor das coisas a fazer.
Conversei com meu "activities manager" que já havia feito um contrato no Allure, que é exatamente uma cópia do Oasis, navio que me havia sido oferecido. Ele me explicou como funcionava a cidade flutuante, me encorajou a aceitar o contrato e assim o fiz.

Durante minhas férias pesquisei muito sobre o navio, fiquei simplesmente encantado por pela mistura de tecnologia, conforto e luxo. Mas será que para nós, tripulantes, isso também se repetiria?
Eu sou um amante da minha profissão, não preciso muito de luxo para estar feliz, mas não ficaria nem um pouquinho chateado se isso realmente se repetisse a área da tripulação.
CREW GYM

Dito e feito, ao chegar, já vi que o navio tinha de tudo e mais um pouco.
CREW BAR
refeitório bem completo, que se assemelha com o Windjammer, local que os passageiros comem, academia mais que completa, sala de jogos, três bares, biblioteca, lan house, enfim, muito bom. Temos tudo isso em outros navios, mas no maior do mundo, a escala é proporcional e muito mais requintado.

Agora, como seria o trabalho?!? Também acompanha o tamanho, tudo é muito grandioso, atividades sempre cheias, porém muitos trabalhos secundários também. 

Mas a carga horária de trabalho era quase que semelhante aos outros, apesar de ter fama de ter muito mais trabalho.
CRUISE STAFF TEAM

Somos todos animadores, e nos trabalhos secundários, ficar nas entradas dos teatros, agendar shows, dirigir um bar que sobe e desce ou controlar a multidão faz parte do nosso plano de trabalho.

Eu tive a sorte de ser escolhido como Theme Night Dance Captain, era basicamente responsável pelas aulas de dança e noites temáticas do navio. Isso fazia com que eu não ficasse entediado com as portas e bares flutuantes, hehehehe...

Este vídeo, mostro um pouco de como era meu dia a dia no Oasis, minha cabine, minha maratona diária.

Lá eu dava aulas de salsa, merengue, rumba, latina, cha-cha, Lady Gaga, Michael Jackson, Hair Spray (musical), country, samba e forró, o que a Melissa, antiga Theme Night Dance Captain não me ensinou, tomei aulas particulares com o Youtube, ele é ótimo, por sinal. Além das aulas, era responsável por três noites temáticas, como a festa dos anos 70, Twenty's e Scape, sem contar na assistência ao Activities Manager com a organização das entradas de shows. Além do trabalho como Cruise Staff comum que eram as paradas e apresentar jogos e animações, quando me sobrava tempo.

Espero que gostem!

domingo, 31 de março de 2013

DESCOBRINDO SHANG-HAI

Shang-hai, ou Xangai, é uma imensa cidade, impossível de se conhecer em um único dia, esse foi o meu primeiro dia na China, e tudo pra mim era uma novidade.

Para minha surpresa quase que 0% de pessoas falavam inglês nesse bairro que fui, chamado "Chi-pu-ro", fiz tudo que os guias turístico dizem para não fazer. 

Comi comida de rua, comprei produto "popular", pra não dizer falsificado, e me diverti demais. 

Cada comida que eu provava, tinha um sabor único. A maioria era composta por massa e carne. Procurei não me atentar à higiene, afinal não sou fiscal, hehehe

Essas três  garotas que aparecem no vídeo comigo, Linda, Caroline e Kitty me ajuraram a descobrir cada pedaço deste tradicional bairro. 

Sem elas não passaria de mais um porto, por conta disso, se tornou um dos meus favoritos. Não vejo a hora de voltar pra lá!!!

Nós nos divertimos pra valer, como eu não falava nenhuma palavra em mandarim, elas traduziam quase tudo que eu falava, o resto eu tentava na mímica! E dava certo.

Espero que gostem    :)

sábado, 30 de março de 2013

O MAIOR NAVIO DO MUNDO!?!? PARTE 01


Quando me veio a proposta de trabalhar no maior navio do mundo, confesso que fiquei bem assustado, pensei em recusar o contrato, pensei em pedir outro navio, mas deixei a vida me levar, aceitei o contrato (recebemos o próximo contrato em média duas semanas antes de terminar o contrato vigente, podemos aceitar ou finalizar o contrato com a companhia). 





Tive dois meses e meio de férias entre um e outro contrato, malas prontas, bora pra Miami.



Um beijo em todos da família e até daqui 6 meses!




O OASIS OF THE SEAS parte de Ft. Lauderdale - FL., ao chegar em Miami, após fazer check in no hotel, fui fazer umas compras, e ali descobri que 99% das pessoas que eu encontrei, falavam espanhol. Sim, são cubanos naturalizados americanos que estão por toda parte. Depois de 3 meses falando japonês todos os dias, pensei que seria minha chance de relembrar o inglês, diria que deu pra treinar o meu espanhol por lá... E olha lá! ehehehehe



7 horas da manhã do outro dia e eu e meu macaquinho já estava acordado, de café da manhã tomado e esperando o ônibus que me levaria para o porto. 

Não conhecia ninguém da equipe que aguardava pelo mesmo comigo. Não conversei com ninguém, fiquei só analisando cada um deles. Sou um ser tímido ao primeiro contato, acreditem ou não.


Escutei pessoas falando em português, um rapaz e uma garota, Jardel e Fernanda, ambos Guest Service, puxei um papo rápido com os dois, mas eles "bufaram" pra mim, a Fernanda estava embarcando no Oasis pela primeira vez, já o Jardel era veterano do gigante. Ele estava tirando todas as dúvidas dela, que eram MUITAS. Quem dera eu ter alguém do meu setor para tirar dúvidas...
Os dois não pararam de conversar os 40 minutos de trajeto de Miami a Ft. Lauderdale. 

De longe avistamos o navio, sim ele se destacava dos outros que estavam ao seu redor. Meuuuu, era grande!

Passamos pela segurança do porto, demos os documentos, tiramos foto para o crachá, e direto a uma sala de espera ainda no porto. (procedimento padrão que muitas vezes acontece dentro do navio)

Nessa salinha esperei por mais ou menos uma hora, chega a Julie, uma inglesa que conhecia muito bem o navio, ela me passou o que seria meu contrato, exatamente com essas palavras.
- Você veio pra ser Cruise Staff? Você gosta de apresentar game shows, trivias, falar no microfone? Eu disse: - sim, essa é nossa profissão, não é? Pois é, aqui você faz muito "doors" (trabalho de porteiro nas entradas de shows), "doors", "doors" e se sobra tempo um trivia por semana. É bem diferente dos navios pequenos. 
Daí em diante ela continuou falando mas eu entrei no meu mundo "autista" via a boca dela mexendo e imaginando o que seria do meu contrato!!!

Bem, um dos gerentes da divisão de cruzeiro chegou para buscar a gente e levar para o nosso gerente. Éramos em 3, Eu, Julie e Krysten, uma americana que faria parte da equipe dos DramWorks. 
Patrício, meu gerente era um brasileiro de cabelos negros, aparentemente gente boa, que a princípio só falava inglês, por conta disso demorou para eu reconhecê-lo como brasileiro. A Julie conhecia o navio como a palma da mão dela, por isso foi sozinha para sua cabine, fomos deixar a Krysten em sua cabine e após levá-la, ele começou a falar em português comigo, levei um susto, nessa hora relaxei. O cara era uma das pessoas mais educadas com quem eu trabalhei até hoje.
O Patrício me deixou no meu quarto, me avisou a respeito do primeiro treinamento que eu teria, e disse para eu me organizar, que depois do almoço ele me ligaria para darmos uma volta pelo navio. 
Larguei minhas malas no meio da cabine e imediatamente fui andar pelo tal gigante em busca de uma pessoa. Lisa, uma austríaca que havia conhecido no meu primeiro contrato e que estaria trabalhando lá, mal eu sabia que encontrar uma pessoa dentro daquele navio, era como "encontrar uma agulha num palheiro", sorte ou não, a primeira pessoa com quem me deparo foi ela, saindo do refeitório e andando pela I-95 (rua principal que liga a proa até a popa do navio, presente em todos os navios da Royal Caribbean).


Lógico que o tour pelo navio foi com a Lisa, ela me mostrou todos os cantos do navio, confesso que não lembro de nada que ela me mostrou, aliás só fui me localizar no navio por volta de um mês depois trabalhando, mas tudo era muito limpo, perfeito e parecia sensacional. Pedi a ela que me levasse a minha cabine, porque não fazia idéia de onde era, e o Patrício havia ficado de me ligar. 
Outra grande surpresa, Lisa era minha vizinha.

Sempre que tínhamos tempo, ficávamos conversando até 2 ou 3 da madrugada sentados desse jeito no corredor.

Primeiro semana de trabalho, basicamente foi banhada de treinamentos e tentando conhecer o navio que tem 7 bairros. Sim, é tão grande que foi dividido em bairros para ser mais fácil de se locomover. 



Logo, Melissa, a "Theme Night Captain" (TNC), pessoa responsável pelas noites temáticas e danças no navio, me perguntou se eu gostaria de assumir a posição dela, já que ela sairia em breve.
Seria um tipo de trabalho extra, você exerce uma função e recebe por isso. Eu achei muito interessante, principalmente por ter direito a uma cabine só pra mim, minúscula, porém minha.
Aceitei o convite e ela começou a me treinar para a posição. 
O trabalho como TNC era totalmente o oposto do que a Julie havia me dito a respeito do Oasis, resumia-se em aulas de dança, e festas... WOW, isso seria sensacional.

Estava em minha primeira semana de contrato, a equipe era sensacional, formada por 10 integrantes mais o DJ, era um time mais experiente e unido. 

Comecei a realmente trabalhar no maior navio do mundo, a Melissa começou a me passar a parte burocrática do TNC, e eu comecei a desconstruir o monstro que havia criado em minha mente a respeito do Oasis...

Quando num belo dia, o Diretor de Cruzeiro do Legend of the Seas, último navio em que trabalhei na temporada asiática, passou a me escrever dizendo que eu teria que voltar ao à Ásia. Fiquei bem confuso, agora que estava me acostumando com aquela loucura, teria que ir ao Japão?!? Maravilhoso, porque eu viria todos meus amigos, no melhor navio que já havia trabalhado, mas um pouco triste ter que deixar aquela turma que me acolheu tão bem... 
Fui direto ao escritório falar com o Patrício, ele me informou que sabia de nada a esse respeito, escreveu para a agendadora, tampouco ela sabia. Mas "Dan", o Diretor de Cruzeiro do Legend, me escrevia todos os dias como que se fosse certo, quando no final de semana veio a confirmação do meu novo destino. no meio do próximo cruzeiro eu partiria em direção a Tóquio. 
O time ficou bem chateado, pelo menos é o que eles me mostraram, hehehehehe, eu comecei a fazer as malas, mas para ter certeza que eu voltaria deixei uma mala cheia no Oasis, assim, eu teria certeza de que voltaria. Afinal a temporada japonesa não passava de duas semanas. levei a menor mala possível,, só com meus uniformes, uma calça jeans, duas bermudas e duas camisetas. (que por sinal, é o que necessitamos durante um contrato inteiro de 6 meses, eu até reduziria a uma bermuda).

Desci em St. Thomas e fui num vôo quase que direto a Tóquio. cheguei no Japão às duas da tarde, e o navio partiria às quatro... em duas horas depois que o avião aterrissou, acreditem ou não, eu estava no navio.

A sensação foi a melhor que já senti, desde a segurança do porto, até a do navio, todos eles me dando boas vindas ao pequeno e aconchegante Legend. 
Eu estava de volta a Yokohama, cidade em que eu cresci e tive os melhores momentos de minha vida. 


Ao entrar no navio, não tive tempo nem tempo de ir ao meu quarto para deixar as malas, encontrei meu uniforme, e fui direto ao trabalho, onde me troquei? No "backstage do Anchor's Away Lounge" e fui direto ao "Sail Away party". Foi lá que encontrei Jung, Linda, e todos os outros Cruise Staff...


Esse pequeno contrato foi sensacional, no âmbito profissional e pessoal.
Foi uma pequena temporada que hoje posso dizer, exite um Flavio antes e depois do Legend of the Seas parte 2!